Sempre é possível ganhar ou recuperar dinheiro, não importa quanto tudo mude. Oportunidades raramente tornam a acontecer. Mas então, por que repetimos tanto “time is money”? De qualquer modo, é melhor que se o diga mesmo em inglês, pois combina mais com o famoso estilo americano. Mas, ainda que o estilo latino seja mais romântico, é fácil nos deixar levar pela tendência humana de “correr atrás do vento”.
Quando me veio a
expressão tempo são oportunidades, senti que estava dando nome a um
adulto. Porque conheci o livro de Eclesiastes há mais de vinte anos.
E passei já desde então a esforçar-me para praticar a certeza de
que importa muito mais o propósito daquilo que fazemos, que o
dinheiro que conseguimos ganhar. Fui aprendendo também que a fé em
Deus precisa ser vivida na prática, indo muito além de um
sentimento.
Isso naturalmente
significou remar contra a maré. Mas muitos fatos me permitem afirmar
hoje que foi certo e até extremamente racional remar contra a maré.
Pois vejo que avancei, cheguei a um novo mundo sem sair da praia.
Graças a Deus, graças a fé!
Faz três anos e meio que
fui demitida por atuar contra uma política de ilegalidades. Muitos
entenderam como absurdo discordar assim de um governo tão poderoso,
colocando em risco um bom emprego e levando isso adiante, depois de
ter sido alertada, a ponto de perder o emprego.
A recusa em cumprir ordem
do juiz de primeira instância para contratar advogado; o
enfrentamento da acusação de justa causa; tudo pode parecer
loucura. Mas, no âmbito da fé no Deus verdadeiro, é diferente.
E ainda que muitos achem
que a fé seja irracional, passados apenas três anos e meio, vendo
tantos poderoso presos por corrupção e evidências de que
executivos foram levados de carona – por não conseguirem desistir
de um emprego – todos deveriam concordar que o inverso do que fiz é
que é loucura. Pois, como apenas três anos e meio são suficientes
para mudar tanto uma realidade, é preciso reconhecer que nenhum
desses juízes e governantes poderosos manda de fato no mundo.
Há sete anos, iniciei
essa aventura. No mês em que apresentei a primeira denúncia para a
auditoria interna do Banco do Brasil, em dezembro de 2010, eu tive um
sonho, no qual vi Deus segurando o sol com a mão direita (não
brilhava, mas eu sabia que a bola que cabia em apenas uma de suas
mãos era o sol). Ele então arremessou o sol para longe e eu Lhe
perguntei: e a terra? Ele respondeu: “Foi junto”.
Esse sonho me fez ver que
Deus é muito maior que tudo o que eu havia imaginado. É muito mais
poderoso. Estou certa de que Ele gostou de ver-me arriscando o
emprego para defender o que era justo e decidiu então me mostrar
quanto poder tem para oferecer retaguarda aos que ousam desafiar os
poderes deste mundo. Vê-Lo com o sol na mão foi como comer os
amendoins do Superpateta. Virei então uma superpateta e ousei muito.
Mas a cada ousadia justa, eu me sentia maior e mais fortalecida.
Sinto falta dos dias mais difíceis que enfrentei em 2013, porque
jamais antes nem depois me senti tão protegida e amparada, tão
forte e capaz.
Assim, lamento por todos
os que recebem educação distanciada da fé (é certo que não falo
da fé de conveniência). Lamento por aqueles que só conhecem as
autoridade deste nosso mundinho, por aqueles que desconhecem que há
um governante justo e extremamente poderoso acima de tudo e de todos.
Mas lamento sobretudo
pelos jovens que desanimam, em meio à falta de perspectivas, porque
ignoram que existe um propósito para tudo, que tudo tem seu tempo,
que tempo são oportunidades e que, portanto, é preciso agir,
materializando escolhas certas, enquanto é tempo de se fazer
escolhas.
Nos últimos anos,
descobri que até a pobreza traz valiosos ensinamentos, os quais hoje
eu não trocaria por nada do que perdi com o emprego. Dinheiro é,
cada vez mais, um valor extremamente relativo.
Na minha juventude, era
preciso dinheiro para ter-se acesso a conhecimento e cultura. A
Internet mudou tudo. Hoje aprendemos no Youtube a fazer em casa
produtos (sem uso de conservantes e com ingredientes naturais e
saudáveis) e serviços, com os quais se gasta todo salário. E
muitos ainda temem o fim do emprego. Mas não havia emprego em massa
antes da era industrial.
É
inegável que vivemos uma nova grande transformação. Precisamos
apenas nos readaptar, olhando para o lado positivo dessa
transformação e libertando-nos da dependência do emprego. Para
isso, precisamos ter fé nAquele que tem poder para administrar toda
a humanidade e aprender e ser o próprio superior
imediato,
administrando e aproveitando bem o nosso tempo. Todo emprego limita,
vicia e restringe outras oportunidades. Sair da zona de conforto é
como renascer.
PS: Fé são atitudes!
PS: Fé são atitudes!