sábado, 24 de outubro de 2009

Pela liberação e estatização das drogas

Como a maioria dos viciados, comecei a fumar quando um colega me ofereceu um cigarro, na roda de amigos. Depois de uns dois anos do primeiro cigarro, comprei o primeiro maço. Fui contribuinte da Souza Cruz por 14 anos. Passei por uma grande crise de consciência do meu estado de dependente e depois por meses de tortura para abandonar o vício, há quase nove anos. 28 de novembro passou a ser meu segundo aniversário.

Depois de fumar na gravidez, de passar dificuldades para ficar sem fumar por alguns meses, quando amamentei, fiquei revoltada com a defesa da liberalização das drogas, num artigo de Fábio Brüggemann, há uns quinze anos.

Sentia-me prisioneira do vício e culpava o acesso fácil à droga. Acreditava então que os adolescentes eram protegidos pela restrição, pela dificuldade de acesso e pelo entendimento de que as drogas são ruins, por serem ilegais.

Mas infelizmente, nesses últimos anos, o país conseguiu transformar crianças em traficantes. Com isso, as drogas hoje devem chegar mais fácil às escolas de ensino fundamental que a qualquer local do país.

Por outro lado, as drogas são uma importante fonte de financiamento do crime organizado e de diversos prejuízos para a sociedade, o mais evidente são os gastos com segurança pública. Policiais que fazem falta à segurança da população estão ocupados em conter o incontível.

A estrutura da ilegalidade favorece ainda a produção e difusão de drogas cada vez mais perigosas, como o crack e outras.

Está claro que hoje, em todos os aspectos, a proibição é bem mais danosa para a sociedade que a legalização.

Por uma questão de bom senso mínimo, não só se deveria liberar as drogas, mas estatizar sua produção. Assim seria possível impor critérios e implantar controle de qualidade, garantindo mais segurança para os usuários que não desejam se tratar. O resultado financeiro seria revertido para minimizar os danos causados pelas próprias drogas, como tratamento para aqueles que querem abandonar o vício e investimentos no desenvolvimento da economia das áreas que hoje dependem economicamente do tráfico de drogas.

A estatização também seria a única forma de garantir que os investimentos visariam à redução, em vez do aumento de consumidores-dependentes.

No aspecto ético, é também difícil admitir que um empresário privado se beneficie de uma atividade tão lucrativa e tão danosa para a sociedade.

Mas o cultivo poderia, sim, ser terceirizado para pequenos produtores, que não têm poder para influenciar o consumo, resolvendo também outros graves problemas sociais. Como proprietários de terras com área de cultivo restringida por leis ambientais e agricultores assentados pela reforma agrária.

Um comentário:

  1. PS: Numa sociedade em que o Estado controle a produção e comercialização de drogas, a propaganda ou incitação ao uso de drogas deveria ser punida ainda com maior rigor.

    A cada novo viciado, o Estado deveria ser obrigado a promover uma investigação sobre sua iniciação e punir criminalmente eventual responsável.

    A responsabilidade civil deveria ser também regulamentada, de modo que eventual culpado seja obrigado por lei a pagar pelo tratamento ou pela sustentação do vício do iniciado.

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