terça-feira, 9 de agosto de 2011

Motocicletas com Cintos de Segurança



Depois de sete anos de pesquisa, foi possível construir e testar o protótipo de uma estrutura tubular em motocicleta, com cintos de segurança para condutor e carona.

O nome é Motoiola – mistura de motocicleta com gaiola. Foi inspirado na ideia original. O projeto hoje é muito diferente de uma gaiola.



A estrutura do protótipo chama-se Alveolar. Foi desenvolvida especialmente para esse projeto, depois que a I9, Empresa Junior de Engenharia Mecânica da UFSC, concluiu que a resistência das estruturas tradicionais é insuficiente para um projeto como esse.



A estrutura Alveolar é formada por módulos de pedaços de tubos dobrados, unidos por duas placas, fixadas uma na outra, em torno de curvaturas. Essas conexões são bastante resistentes e podem ser feitas sem furos nos tubos, que são contornados pelos parafusos que unem as placas, o que preserva sua resistência. As placas também podem ser moldadas no formato das curvaturas.

Deve ser comercializada como um acessório. Pois é apenas encaixada em suportes, ou seja, não é fixada na motocicleta.

Esse sistema facilita a instalação, além de evitar danos à estrutura da motocicleta e agravamento de riscos que eventualmente poderia ocorrer com a fixação. Pois existe ainda a possibilidade de ejeção, ou de um motociclista ser lançado para fora da autopista – evitando atropelamentos após acidentes –, ou ainda de o impacto de um acidente ser amortecido pela projeção do equipamento com os motociclistas a distância.



O suporte dianteiro é fixado num mata-cachorro, que é também um acessório. No protótipo, um tubo curvado em formato semelhante a um C foi parafusado sobre o mata-cachorro. O ideal é a produção de mata-cachorro com as pontas voltadas para frente, com uma argola soldada em cada extremidade, para encaixe dos tubos da estrutura.

O suporte traseiro do protótipo é um tubo curvado, passado de um lado ao outro, através de vão existente acima do eixo da roda traseira, na YBR (Yamaha). É também apoiado em abraçadeiras feitas de cabo de aço, uma em cada lado, fixadas no suporte de bagagem.

As pernas e joelhos são protegidos por portinholas feitas de blocos de placas de plásticos, com almofadas na parte interna e réguas metálicas na parte de fora. O conjunto é costurado e fixado por cabos de aço.

O cinto de segurança deixa os ombros soltos, dando liberdade de movimento, mas tem praticamente seis pontos de fixação: contorna a cintura e os ombros, passando embaixo dos braços. É fixado numa placa, no meio das costas. O motociclista se esquece de que está usando cinto de segurança.



É também colocado com muita facilidade, basta passar por cada braço e fechar na frente, num único ponto. Para retirar, é só abrir fivela e todo o cinto se solta.

Agora busco investidores ou empresas interessadas em fabricar e colocar o produto no mercado.



Para demonstrar a eventuais investidores ou parceiros o interesse dos motociclistas nesse produto, foi aberta uma lista de espera ou reserva. As inscrições podem ser feitas pelo e-mail: soniardecastro@gmail.com. É preciso informar nome, endereço, telefones e modelo da motocicleta.

Obs.: O pedido de patente internacional da estrutura Alveolar foi publicado em 07/07/2011. Mas já foi depositado novo pedido no INPI com melhorias.


Os testes

Em trilhas muito acidentadas, as curvas foram realizadas com toda tranquilidade, demonstrando que ficam mantidas as condições de equilíbrio e dirigibilidade da motocicleta.

A primeira portinhola era inteiriça e gerou alteração no movimento em sentido diagonal, na mudança de pista. Com os vãos entre os blocos, esse impacto foi eliminado.


O começo dessa história

Em agosto de 2004, eu sonhei que estava numa motocicleta 250 cilindradas e colocava um cinto de segurança, passando-o sobre o ombro.

Tinha começado a trabalhar no Besc. Fui transferida da agência Campinas, São José, para a Praça XV, Florianópolis e usava ônibus.

Lembro que, na mesma época, ouvi pela primeira vez a expressão: “O para-choque é a testa do motociclista.”

Até então, nunca pensei em conduzir uma motocicleta. Andei como carona, havia já muito tempo. Mas entendi que deveria fazer uma gaiola com cinto de segurança. Então voltei para a auto-escola, para ter habilitação também para motocicleta. Comprei uma YBR usada em novembro. Elaborei o primeiro pedido de patente e depositei-o, em dezembro de 2004.

Em 2006, a I9, Empresa Junior de Engenharia Mecânica da UFSC, realizou um estudo de viabilidade.

Segundo o estudo, na segunda Guerra mundial, um projeto semelhante fracassou, em razão do “aumento de altura do centro de massa, não permitindo que a moto realizasse curvas de pequeno raio, com velocidades relativamente altas”.

Entendi que precisava evitar impactos na aerodinâmica, alteração no centro de massa e riscos de danos à estrutura original.

Soube também que a BMW e a Renault já fabricam “scooter” ou motonetas com cintos de segurança, vendidas no mercado externo. A BMW já foi vendida no Brasil, mas era cara.

Com essas informações, fui reinventando o projeto. Logo abandonei a ideia de usar proteção para a chuva, nas laterais, pois entendi que prejudicariam a dirigibilidade ou o equilíbrio.

Desenvolvi as placas com cintos de segurança, que eram então fixadas pelas laterais e depositei o primeiro pedido de patente internacional, em setembro de 2006.

O relatório da pesquisa internacional foi desfavorável. Então refis o pedido, restringido-o às placas com cintos de segurança e obtive parecer favorável em exame preliminar internacional, em junho de 2008.


A possibilidade de ejeção

Quando falava do projeto, qualquer pessoa que tivesse alguma experiência com motocicleta contava uma história de acidente, no qual os motociclistas ficaram bem, depois de ser projetados a distância. E manifestavam temor de agravamento dos riscos com a fixação pelos cintos.

Acabei sofrendo um acidente com essas características, em setembro de 2007. A minha primeira memória ainda é da batida do capacete contra o capô de um carro. Rolei e caí no asfalto. Senti o joelho esquerdo, no qual já havia sofrido uma cirurgia, em razão de um primeiro acidente em 2006.

Mas, quando a ambulância chegou, nem sequer precisei usar a maca. Tinha muitos hematomas, mas apenas o joelho esquerdo foi atingido com alguma gravidade. A frente da moto e o capô do carro foram destruídos.

Depois desse acidente, entendi que a estrutura deve ficar apenas apoiada sobre a motocicleta, permitindo que seja ejetada pelo impacto de um eventual acidente.

Mas estava desanimada e o projeto ficou meio abandonado até dezembro de 2008, quando o redesenhei e elaborei um novo pedido de patente.

Em 2009 desenhei apoios em mata-cachorros e a primeira portinhola flexível inteiriça, que era grande e acompanhada de telas fixadas na parte superior.

As telas foram imaginadas depois que consultei o engenheiro mecânico Daniel Pereira. Ele concluiu que uma gaiola agravaria os riscos, ao se deformar durante um acidente. Disse que os tubos poderiam estrangular os motociclistas e, caso os pedaços se soltassem, suas pontas poderiam causar outros ferimentos graves.

Para evitar riscos de estrangulamento, pensei em preencher os vãos entre os tubos com telas e, da ideia das telas, surgiram as portinholas flexíveis. Havia tempo que buscava uma solução para proteger os joelhos, que fosse fácil de abrir e fechar e não ocupasse espaço nos estacionamentos.

Com o desenvolvimento das estruturas atuais, desisti das telas. Pois acredito que são bastante resistentes para eliminar o perigo de agravamento dos riscos em razão de deformação.

A estrutura Alveolar elimina também o risco de ferimentos pelas pontas dos tubos, pois elas são curvadas para dentro dos módulos. Na Estrutura Curvilínea Integral praticamente não há pontas nem mesmo risco de desconexão.


Estrutura Alveolar

No início de 2010, pedi orçamento de projeto de um protótipo para a I9. Mas então os estudantes responsáveis acharam que o projeto seria inviável. Disseram que as estruturas conhecidas não são bastante resistentes para garantir que os benefícios superassem os riscos.

Mas disseram também que o suporte do colete do condutor poderia representar um risco para o carona. Logo pensei que o risco seria eliminado com um suporte circular, com o vão na altura da cabeça.

Depois dessa reunião, pensando no círculo, fiz ligação com os antigos mata-cachorros, feitos de tubos curvados e inteiros e comecei a imaginar uma estrutura de muitos mata-cachorros: leve e resistente. Então desenhei a estrutura Alveolar e depositei o pedido de patente em abril de 2010.


O Protótipo

Apesar de estar otimista com a estrutura Alveolar, andava ainda desanimada e com dificuldades para construir o protótipo. Então voltei a ter um sonho ano passado.

Eu vi um veículo da largura de uma moto. Ao me aproximar, ouvi tocar um celular dentro dele, com o seguinte letra: para de dizer que não dá, para de dizer que não dá, para de dizer que não dá...

Ao acordar, escrevi isso numa folha, fixei na parede do meu escritório e decidi insistir na realização do protótipo. O serralheiro que costumava fazer meus serviços dizia que estava doente e muito ocupado, então pesquisei outras empresas. Todos diziam que seria difícil fazer as curvaturas muito próximas e acentuadas. Mas, em dezembro, consegui um orçamento com a JC Usinagem, em São José.

Eles acabaram cortando e soldando os tubos para fazer as curvas. Mas demoraram para me mostrar o serviço. Quando vi, entendi que era muito melhor que nada. Serviria para os testes de dirigibilidade. Ajudei o funcionário Michel a fazer a montagem, em quatro manhãs de sábado, no final de abril e maio.

O primeiro teste foi como o nascimento de um filho, que agradeço a Deus.

Uma semana depois, uma pessoa me perguntou se eu estava orgulhosa. Disse que estava mais espantada que orgulhosa. A primeira ideia veio de um sonho e outro sonho me impulsionou ano passado. As soluções também surgiram de forma praticamente automática. Recebi dicas de vários modos, em circunstâncias muito diversas. Sinto-me orgulhosa, portanto, apenas por ter acreditado, quando muitos disseram que era impossível, outros ainda me chamaram de louca.

2 comentários:

  1. invenção ridicula, é muito tempo perdido, isto é uma moto não um carro. No caso de acidente o motociclista fica preso ao cinto e a moto esmaga sua perna....nossaaaa

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  2. Oi sonia, excelente ideia, estão projetando um igual em larga escala agora é o torrot velocipede, e nao ligue para idiotas que nem esse plebe acima, a perna é só por um crash pad maior pra nao bater. Você está no futuro e quem tra voando parece pequeno demais pra quem ta no chao ou até rasteja.

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