Estou
chocada com a prisão do empresário Adriano Nunes. Primeiro porque
essa pessoa é uma referência no mercado de outdoor em
Florianópolis. É alguém que trabalhou a vida toda para alcançar
uma posição. Depois porque foi o único empresário que se
interessou em participar do projeto Busdrô, um projeto de quadros
para publicidade dentro de ônibus, que também tem projeto de lei
tramitando na Câmara.
Adriano
Nunes começou como empregado de empresas de outdoor. Há mais
de vinte anos, ele era o contato que ensinava profissionais de mídia
a trabalhar com o produto. Era um desses poucos profissionais que param
e mostram como tudo funciona. Foi quem me ensinou que um cartaz tem
32 folhas e que a arte deve respeitar certa proporção.
Não
vi como ele se transformou em empresário. Parei de trabalhar com
outdoor entre 1999 e 2000 e só voltei a encontrá-lo há quatro
anos. Mas entendo que é uma ascensão natural pelo empregado que foi
e pelo profissional que ele é.
O
Projeto Busdro
Eu
comecei a desenvolver o projeto Busdrô em 2008.
Vendo
a crise com o preço das passagens de ônibus e conhecendo o mercado
de outdoor e a ascensão de mídias alternativas, desde que surgiram
a TV a cabo e a Internet, entendi que os espaços dentro de ônibus
podem ser aproveitados como uma nova e importante fonte de renda.
Constatei
que já haviam tentado comercializar adesivos atrás dos encostos de
assentos. Mas esse negócio inviabilizou-se em razão do vandalismo.
Entendi
que era preciso desenvolver quadros para proteger a publicidade, o
que também aumenta o potencial de retorno econômico, pois permite publicar anúncios impressos
em papel e trocá-los com frequência.
Além
disso, essa modalidade permite comercializar anúncios baratos,
acessíveis a qualquer pequeno comerciante ou prestador de serviços
e a toda a população que precisa, por exemplo, anunciar o aluguel de
um imóvel.
Depois
de seis anos de pesquisa, cheguei a um resultado muito bom: um quadro
inquebrável, que não se desmonta, com peças fixadas por rebites em
três lados; muito fino, com menos de 1 centímetro de espessura e
ainda fechado de modo eficiente, mas com uso de material de plástico
flexível. Assim, todos os materiais usados são inofensivos, de modo
que esse modelo de quadro viabiliza a veiculação de publicidade
atrás de encostos de assentos e em outros espaços dentro de ônibus.
O
vereador Dalmo D. Meneses, reconhecendo a importância desse projeto
como alternativa de solução para o setor de transportes coletivos e
de publicidade, apresentou
projeto de lei visando a regulamentá-lo.
Interesse
manifestado por Adriano
Nunes
Esse
ano enviei e-mails para várias empresas que trabalham com outdoor e
outros materiais publicitários, divulgando o projeto Busdrô,
buscando empresários interessados em operá-lo, pois pretendo atuar
como franqueadora.
Adriano
Nunes foi o único empresário que se interessou em participar.
Sem
pretender fazer demagogia, eu busquei também identificar quem se
comprometesse a reverter o mais alto percentual do faturamento bruto para compor a planilha tarifária. Pois entendo que o sucesso do
projeto depende de se conseguir que represente de fato solução
financeira para o setor.
A
verba de publicidade é destinada para redução do subsídio pago
pelo município para setor de transportes coletivos.
O
empresário Adriano Nunes me disse que – depois de um prazo e dois
anos de carência para amortecer o investimento - estava disposto a
reverter 20% do faturamento bruto obtido com essa modalidade, para
compor a planilha tarifária ou reduzir o valor pago pelo município.
Ainda
que o prazo de carência possa ser discutível, esse percentual é
alto, considerando que as agências de propaganda cobram outros 20%.
Há ainda impostos e o percentual de franqueadora.
A
partir do momento em que houvesse volume de trabalho, com troca de
publicidade (que deve ser diária), pretendíamos ainda aproveitar a
mão de obra dos cobradores, por meio da criação de uma cooperativa
de trabalho, que também seria remunerada com um percentual do
faturamento.
As
dificuldades do empresário
Estou
trabalhando também em outros projetos e prefiro desistir do Busdrô
a pagar ou prometer propina para implantá-lo. Mas tenho que
agradecer a Deus por ter atendido o vereador Dalmo Meneses, quando
trabalhava na agência Praça XV Besc/BB em 2010.
Se
não fosse isso, é muito provável que eu pedisse ao Adriano para
encaminhar o projeto por seus contatos na Câmara. Então eu poderia
estar hoje no meio de toda essa confusão com a Polícia Federal.
Quando
penso nisso, peço a Deus que me livre de chegar a situação de ter
uma empresa instalada, com empregados contratados e ficar diante da
alternativa de pagar propina para impedir a aprovação de uma lei
que extinguiria o ramo de negócio da empresa.
Pois
não acredito que eu pudesse resistir à tentação. Ainda mais
beirando os cinquenta anos de idade. O Adriano ainda tem um filho
pequeno e trabalhou a vida inteira com outdoor, diferente de mim que
vivo mudando de ramo.
Mas
sei que o Adriano é também alguém que tem fé em Deus e conhece o
evangelho que mostra que uma grande diferença entre dois ladrões
pode ser identificada apenas no gesto de defender Cristo, quando
outro desgraçado ainda zombava de Deus crucificado. Um gesto que
pode parecer pequeno marca a grande diferença. Então estou certa de
que ele vai aproveitar a oportunidade para crescer com tudo isso.
Espero
também que haja justiça. Que, numa investigação tão importante,
haja pessoas capazes de determinar diferença entre aqueles que se
apropriam de dinheiro público e aquele que usou mal seu dinheiro,
pagando propina para para manter seu negócio.
A
diferença entre extorsionário e extorquido. Afinal, se um
empresário denunciou uma tentativa de extorsão, é natural que se
conclua que aqueles que pagaram foram extorquidos.
Entendo
também que o fato do Adriano atuar como articulador entre empresas
de Outdoor é bastante natural, por ter sido empregado de empresas do
setor e por trabalhar na região há mais de vinte anos.
Adriano
Nunes contou-me que participou do projeto de publicidade em televisão
dentro de ônibus, que foi operado por algum tempo na Transol. Então
é alguém que já buscava novas alternativas de negócio para sua
empresa.
Cópia
da justificativa do projeto Busdrô
Vi,
em matéria do jornal Notícias do Dia, de 18/11/2014, que o vereador
Badeko copiou a justificativa do projeto Busdrô para fazer o projeto
de publicidade em postes e orelhões, com palavras como: a
publicidade ficará bem próxima ao público, num momento em que
costuma haver pouca distração, fato que viabilizará vários
anúncios de pequeno porte....
Isso
nem faz sentido quando se referem a postes e orelhões. Foi escrito
originalmente em referência aos encostos de assento de ônibus, que
ficam diante do público, durante os trajetos.
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