quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Adriano Nunes e a Ave de Rapina

Estou chocada com a prisão do empresário Adriano Nunes. Primeiro porque essa pessoa é uma referência no mercado de outdoor em Florianópolis. É alguém que trabalhou a vida toda para alcançar uma posição. Depois porque foi o único empresário que se interessou em participar do projeto Busdrô, um projeto de quadros para publicidade dentro de ônibus, que também tem projeto de lei tramitando na Câmara.
Adriano Nunes começou como empregado de empresas de outdoor. Há mais de vinte anos, ele era o contato que ensinava profissionais de mídia a trabalhar com o produto. Era um desses poucos profissionais que param e mostram como tudo funciona. Foi quem me ensinou que um cartaz tem 32 folhas e que a arte deve respeitar certa proporção.
Não vi como ele se transformou em empresário. Parei de trabalhar com outdoor entre 1999 e 2000 e só voltei a encontrá-lo há quatro anos. Mas entendo que é uma ascensão natural pelo empregado que foi e pelo profissional que ele é.

O Projeto Busdro
Eu comecei a desenvolver o projeto Busdrô em 2008. 
Vendo a crise com o preço das passagens de ônibus e conhecendo o mercado de outdoor e a ascensão de mídias alternativas, desde que surgiram a TV a cabo e a Internet, entendi que os espaços dentro de ônibus podem ser aproveitados como uma nova e importante fonte de renda.
Constatei que já haviam tentado comercializar adesivos atrás dos encostos de assentos. Mas esse negócio inviabilizou-se em razão do vandalismo.
Entendi que era preciso desenvolver quadros para proteger a publicidade, o que também aumenta o potencial de retorno econômico, pois permite publicar anúncios impressos em papel e trocá-los com frequência.
Além disso, essa modalidade permite comercializar anúncios baratos, acessíveis a qualquer pequeno comerciante ou prestador de serviços e a toda a população que precisa, por exemplo, anunciar o aluguel de um imóvel.
Depois de seis anos de pesquisa, cheguei a um resultado muito bom: um quadro inquebrável, que não se desmonta, com peças fixadas por rebites em três lados; muito fino, com menos de 1 centímetro de espessura e ainda fechado de modo eficiente, mas com uso de material de plástico flexível. Assim, todos os materiais usados são inofensivos, de modo que esse modelo de quadro viabiliza a veiculação de publicidade atrás de encostos de assentos e em outros espaços dentro de ônibus.
O vereador Dalmo D. Meneses, reconhecendo a importância desse projeto como alternativa de solução para o setor de transportes coletivos e de publicidade, apresentou projeto de lei visando a regulamentá-lo.

Interesse manifestado por Adriano Nunes
Esse ano enviei e-mails para várias empresas que trabalham com outdoor e outros materiais publicitários, divulgando o projeto Busdrô, buscando empresários interessados em operá-lo, pois pretendo atuar como franqueadora.
Adriano Nunes foi o único empresário que se interessou em participar.
Sem pretender fazer demagogia, eu busquei também identificar quem se comprometesse a reverter o mais alto percentual do faturamento bruto para compor a planilha tarifária. Pois entendo que o sucesso do projeto depende de se conseguir que represente de fato solução financeira para o setor.
A verba de publicidade é destinada para redução do subsídio pago pelo município para setor de transportes coletivos.
O empresário Adriano Nunes me disse que – depois de um prazo e dois anos de carência para amortecer o investimento - estava disposto a reverter 20% do faturamento bruto obtido com essa modalidade, para compor a planilha tarifária ou reduzir o valor pago pelo município.
Ainda que o prazo de carência possa ser discutível, esse percentual é alto, considerando que as agências de propaganda cobram outros 20%. Há ainda impostos e o percentual de franqueadora.
A partir do momento em que houvesse volume de trabalho, com troca de publicidade (que deve ser diária), pretendíamos ainda aproveitar a mão de obra dos cobradores, por meio da criação de uma cooperativa de trabalho, que também seria remunerada com um percentual do faturamento.

As dificuldades do empresário
Estou trabalhando também em outros projetos e prefiro desistir do Busdrô a pagar ou prometer propina para implantá-lo. Mas tenho que agradecer a Deus por ter atendido o vereador Dalmo Meneses, quando trabalhava na agência Praça XV Besc/BB em 2010.
Se não fosse isso, é muito provável que eu pedisse ao Adriano para encaminhar o projeto por seus contatos na Câmara. Então eu poderia estar hoje no meio de toda essa confusão com a Polícia Federal.
Quando penso nisso, peço a Deus que me livre de chegar a situação de ter uma empresa instalada, com empregados contratados e ficar diante da alternativa de pagar propina para impedir a aprovação de uma lei que extinguiria o ramo de negócio da empresa.
Pois não acredito que eu pudesse resistir à tentação. Ainda mais beirando os cinquenta anos de idade. O Adriano ainda tem um filho pequeno e trabalhou a vida inteira com outdoor, diferente de mim que vivo mudando de ramo.
Mas sei que o Adriano é também alguém que tem fé em Deus e conhece o evangelho que mostra que uma grande diferença entre dois ladrões pode ser identificada apenas no gesto de defender Cristo, quando outro desgraçado ainda zombava de Deus crucificado. Um gesto que pode parecer pequeno marca a grande diferença. Então estou certa de que ele vai aproveitar a oportunidade para crescer com tudo isso.
Espero também que haja justiça. Que, numa investigação tão importante, haja pessoas capazes de determinar diferença entre aqueles que se apropriam de dinheiro público e aquele que usou mal seu dinheiro, pagando propina para para manter seu negócio.
A diferença entre extorsionário e extorquido. Afinal, se um empresário denunciou uma tentativa de extorsão, é natural que se conclua que aqueles que pagaram foram extorquidos.
Entendo também que o fato do Adriano atuar como articulador entre empresas de Outdoor é bastante natural, por ter sido empregado de empresas do setor e por trabalhar na região há mais de vinte anos.
Adriano Nunes contou-me que participou do projeto de publicidade em televisão dentro de ônibus, que foi operado por algum tempo na Transol. Então é alguém que já buscava novas alternativas de negócio para sua empresa.

Cópia da justificativa do projeto Busdrô
Vi, em matéria do jornal Notícias do Dia, de 18/11/2014, que o vereador Badeko copiou a justificativa do projeto Busdrô para fazer o projeto de publicidade em postes e orelhões, com palavras como: a publicidade ficará bem próxima ao público, num momento em que costuma haver pouca distração, fato que viabilizará vários anúncios de pequeno porte....
Isso nem faz sentido quando se referem a postes e orelhões. Foi escrito originalmente em referência aos encostos de assento de ônibus, que ficam diante do público, durante os trajetos.

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