O
presidente Jair M. Bolsonaro aprovou o Regulamento Sanitário
Internacional, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), pelo decreto presidencial 10.212, de 30 de janeiro de 2020,
depois de 11 anos de sua aprovação no Congresso Nacional (decreto
legislativo nº 395 de 2009).
Só este ano, portanto, o regulamento
da OMS ganhou força de lei no Brasil. Nem a ex-presidente Dilma
Rousseff fez isso.
Em
dezembro, o presidente Bolsonaro também também pagou a dívida que o
Brasil tinha com a Onu.
No
começo de fevereiro, ele enviou para o Congresso Nacional o projeto que deu origem à lei 13.979, que autoriza a realização de quarentenas e isolamentos, "com
base na propagação do coronavírus".
Em
notícia no site do Ministério da Saúde
(link https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46290-camara-aprova-projeto-de-lei-para-enfrentamento-ao-novo-coronavirus ),
vê-se que usaram o pretexto da repatriação de brasileiros da China
e da quarentena daqueles viajantes para obter uma aprovação às
pressas daquele projeto no Congresso.
Eu
nunca tinha imaginado que isso fosse possível. Mas aquele projeto foi
analisado e aprovado num único dia na Câmara dos Deputados. No dia
seguinte, foi aprovado no Senado. Em apenas dois dias úteis,
tramitou em todo o Congresso Nacional.
Em
20 de março, o presidente Bolsonaro decidiu, por meio de decreto
(medida provisória 926, artigo 3º, inciso VI), acrescentar texto
naquela lei aprovada pelo Congresso Nacional pouco mais de um mês
antes.
Ele
então impôs, sem prévia aprovação do Congresso Nacional, autorização
para os governadores e prefeitos proibirem a locomoção
intermunicipal e interestadual, que viola o inciso XV do artigo 5º
da Constituição Federal.
A
violação de disposições da Constituição Federal fica impune
quando faltam disposições em lei criminal específica. E, ano
passado, extinguiram essa e outras disposições da lei de abuso de
autoridade. Entre elas a proteção à liberdade de consciência e de
crença, de exercício do culto religioso, do direito à associação,
de reunião, entre outros direitos que estão sendo violados com
essas medidas.
O
presidente primeiro aprovou essa nova lei de abuso de autoridade
na Câmara, enquanto era deputado. Depois a sancionou.
Mas
ele também editou por decreto outra disposição que favorece as
medidas impostas contra a população e protege os governadores
e prefeitos de questionamentos pelas perdas que as empresas e as
pessoas estão sofrendo. Pois, no artigo 2º da lei que passou
pelo Congresso em fevereiro, consta apenas as seguintes definições:
Art.
2º Para fins do disposto nesta Lei, considera-se:
I
- isolamento: separação de pessoas doentes ou contaminadas, ou de
bagagens, meios de transporte, mercadorias
ou encomendas postais afetadas, de outros, de maneira a evitar a
contaminação ou a propagação do coronavírus; e
II
- quarentena: restrição de atividades ou separação de pessoas
suspeitas de contaminação das pessoas que não estejam doentes, ou
de bagagens, contêineres, animais, meios de transporte ou
mercadorias.
Nesse
decreto (medida provisória 926, artigo 3º) o presidente estabeleceu
isso: Ҥ
8ºAs medidas previstas neste artigo, quando adotadas, deverão
resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos e
atividades essenciais.”
Assim
as únicas atividade que governadores e prefeitos seriam obrigados a
manter em funcionamento seriam “serviços públicos e atividades
essenciais”.
Na
lei que passou pelo Congresso já constava isso: "§ 3º Será
considerado falta justificada ao serviço público ou à atividade
laboral privada o período de ausência decorrente das medidas
previstas neste artigo".
Os
congressistas podem dizer que aprovaram isso para beneficiar apenas aquele pequeno grupo de pessoas que vieram da China e os prefeitos e governadores podem
dizer que havia previsão legal para impor esse ônus às empresas.
Assim
o presidente Bolsonaro amparou plenamente a decisão do governo de
Santa Catarina – que obrigou as empresas do estado a fecharem suas
portas, em 18 de março – e encorajou os outros governadores e
prefeitos a fazerem o mesmo.
Diante
das críticas, em vez de revogar ou alterar o texto de sua medida
provisória e enviar novo projeto de lei ao Congresso, ele passou a propagar na imprensa que sua posição
seria contrária ao texto dessa medida que ele mesmo editou.
Ainda
tratou de promover-se, dizendo que apenas os idosos e grupos de risco
deveriam ficar em isolamento. Mas Bastaria modificar a medida
provisória para que a decisão de governadores e prefeitos ficasse sem amparo legal.
Dizem
que o ministro Alexandre de Morais do STF teria concedido uma espécie
de autonomia para os governadores.
A
decisão do ministro Alexandre de Morais (link
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/ADPF672liminar.pdf), entretanto, baseia-se nessa medida provisória que o presidente editou
e na lei que ele mandou para o Congresso Nacional.
E
ainda achincalha governadores e prefeitos
No
vídeo da reunião com ministros, ele fez essas manifestações, a
partir de 10min53seg no trecho deste link
(https://www.youtube.com/watch?v=RxbVMthSzuU&feature=youtu.be ):
O
que os caras querem é a nossa hemorroida, é a nossa liberdade. Isso
é uma verdade. O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta
desse governador de São Paulo, esse estrume do Rio de Janeiro, entre
outros, é exatamente isso: aproveitaram o vírus. Tá um bosta dum
prefeito lá de Manaus agora abrindo covas coletivas. Um bosta que
quem não conhece a história dele, procure conhecer, que eu conheci
dentro da Câmara aqui do meu lado e nós sabemos a ideologia dele, o
que ele prega e quem ele sempre foi, o que tá aproveitando agora, um
clima desses, para levar o terror pro Brasil.
Antes
desse trecho ele disse (8min37seg,https://www.youtube.com/watch?v=RxbVMthSzuU&feature=youtu.be):
O
que esses filha de uma égua quer é a nossa liberdade. Olha, como é
fácil impor uma ditadura no Brasil, como é fácil. O povo tá
dentro de casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e
ministro da Defesa, que o povo se arme. Que é a garantia que não
vai ter um filho da puta aparecer para impor uma ditadura aqui. Que é
fácil impor uma ditadura. Facílimo. Um bosta dum prefeito faz um
bosta dum decreto, algema e deixa todo mundo dentro de casa.
Se
tivesse armado ia pra rua.
E,
se eu fosse ditador, né, eu queria desarmar a população, como
todos fizeram no passado, antes de impor a sua respectiva ditadura.
Aí
que é demonstração nossa, eu peço ao Fernando e ao Moro que, por
favor, assina essa portaria hoje, que eu quero dar um puta dum recado
pra esses bosta. Porque que eu tô armando o povo, que eu não quero
uma ditadura. E não dá pra segurar mais. Não dá pra segurar mais.
Quem não aceitar as minhas bandeiras, Damares: família, Deus,
Brasil, armamento, liberdade de expressão, livre mercado, quem não
aceitar isso está no governo errado.
Esperem
pra 22, o Sr. Alvaro Dias, espere o Alckimin, espere o Haddad ou
talvez o Lula né e vai ser feliz com eles né. No meu governo tá
errado. É escancarar a questão do armamento aqui. Eu quero todo
mundo armado, que povo armado jamais será escravizado
Toda
essa contradição ajuda a entender a
dificuldade que ele teve para simplesmente pronunciar as palavras
“reabrir o comércio”, logo no começo do primeiro trecho neste
link
(https://www.youtube.com/watch?v=ipgW_ujK3XI&feature=youtu.be).
Pois
a proibição de trabalhar, de gerar renda, é outra grave forma de
desarmamento!
Um
povo que se adapta com pouco e se acostuma a viver com auxílio do
governo, facilmente é escravizado.
E
sem condições de oferecer alimento e sustento digno, como uma arma
pode servir para proteger uma família?
Por
outro lado, uma ditadura civil até poderia ser inibida pelo
armamento do povo. Mas, em ditadura militar, uma reação armada
seria mais um pretexto para exterminarem a população local.
Afinidade
com a China
Em
8min37seg, ele se refere à Estados Unidos como tio e à China, como
segue, link (https://www.youtube.com/watch?v=ipgW_ujK3XI&feature=youtu.be):
Eu
estava estudando, fim de semana aqui, como é que o serviço chines
secreto trabalha nos Estados Unidos
(...)
Vai
em alguns ministérios tem gente deles plantada aqui dentro
(...)
precisamos
deles pra vender, sim, eles precisam também de nós. Que se não
precisasse eles não estariam comprando a soja da gente não,
precisam e é um negócio. E devemos aliar com quem tem alguma
afinidade conosco, pra gente poder fazer valer a nossa vontade
naquele momento. Não adianta se esconder aqui. Depois tem um
problema, daí liga pro tio. Ele diz: Pô cara cê me ignorou até
hoje. Você só não me chamou de imperialista igual a esquerdalha e
o FHC falavam no passado. No resto... Agora não dá mais.
Apoio
a reivindicações inconstitucionais
Depois
de mandar aquele texto de lei para o Congresso, em vez de tomar
medidas para evitar a situação extrema, ele deixou que os voos com
turistas e o Carnaval acontecessem normalmente.
Ainda
passou a estimular outras aglomerações, promovendo protestos em
favor de suas pretensões políticas, dizendo que seriam protestos em
favor do Brasil.
Em
matéria deste link
(https://www.youtube.com/watch?v=AQuLqpaLmEo), mostram ele mesmo
chamando o povo para esses “protestos”, em 07 de março.
Diante
da crítica pelos risco de propagação da doença em aglomerações,
ele esteve em rede Nacional, no dia 12 de março. Mas sua
manifestação foi mais uma propaganda dos protestos. Pois consta:
Os
movimento espontâneos e legítimos marcados para o dia 15 de março
atendem aos interesses da nação, balizados pela lei e pela ordem,
demonstram amadurecimento da nossa democracia presidencialista e são
expressões evidentes de nossa liberdade, precisam no entanto, diante
dos fatos recentes, ser repensados. Nossa saúde e de nossos
familiares devem ser preservadas. O momento é de união, serenidade
e bom senso. Não podemos esquecer, o entanto, que o Brasil mudou, o
povo está atento e exige de nós respeito à Constituição e zelo
pelo dinheiro público. Por isso as motivações da vontade popular
continuam vivas e inabaláveis.
Em
15 de março, ele foi ainda cumprimentar os manifestantes, que
vestiam verde e amarelo. Mas ele vestia branco e o tom de azul da bandeira da Europa, que é também cor de uma das duas bandeiras do projeto de
integração da América Latina (Unasul).
Em
19 de abril, ele compareceu a outra manifestação em Brasília.
De
novo a plateia usava verde e amarelo, mas ele então usava uma
camiseta em tom de vermelho melancia, que é uma designação para
general comunista.
Apesar
de aquela plateia fazer reivindicações que afrontam a Constituição
da República e ser composta por um grupo tão pequeno que podia ser
alcançado sem o uso de alto falante, ele ainda subiu em cima de uma
caminhonete e fez um discurso, como poucos prefeitos do interior se
sujeitam a discursar.
Uma
matéria da Istoé tem o título "Discurso de Bolsonaro é
‘escalada antidemocrática’, dizem políticos", na qual consta:
Lideranças
políticas criticaram, neste domingo, 19, o discurso do presidente
Jair Bolsonaro em uma manifestação que pedia o fechamento do
Congresso e intervenção militar em Brasília. Os políticos
classificaram como “grave”, “incentivo à desobediência” e
“escalada antidemocrática” a atitude de Bolsonaro de ir a um
protesto antidemocrático e de incentivar a aglomeração de pessoas.
Pretextos
para achincalhar o ex-temido ministro Moro
Na
reunião com os ministros, ele citou diversos pretextos para mudar a
direção da Polícia Federal do Rio de Janeiro. Mas em vídeo
publicado em janeiro, ele deixa bem clara a intenção de usar poder
para cancelar investigação contra um de seus filhos, em
10min06seg, link,
https://www.youtube.com/watch?v=DltgqsuPJaM&feature=youtu.be ):
Alguns
acham que eu tô articulando, armando, se eu pudesse armar, como
esses caras pensam, teria armado lá atrás. Durante as eleições,
ah o caso do Flávio não foi pra frente porque o Bolsonaro conseguiu
trancar o processo. Se eu tivesse força de trancar teria
anulado, cancelado.
Ao
achincalhá-lo, ele disse que o ex-ministro Moro deveria ter
criticado o uso de algemas.
Mas
isso mostra que pelo menos o ex-ministro manteve coerência com suas
ações anteriores. Pois os dois vetaram o artigo 17 da lei de abuso
de autoridade, que restringia o uso de algemas. Na mensagem de veto,
o presidente disse que isso já estaria determinado pela súmula 11
do STF. Mas era preciso que constasse no texto da lei, pois só
disposição do Congresso pode impor pena de prisão.
Ambos
vetaram também o artigo 35: “Coibir, dificultar ou impedir, por
qualquer meio, sem justa causa, a reunião, a associação ou o
agrupamento pacífico de pessoas para fim legítimo: Pena - detenção,
de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.”
Por
esses vetos, os prefeitos podem fazer o que fazem sem temer um
processo criminal.
“...Eu
tenho poder e vou interferir em todos os ministérios, sem
exceção...”
Por
que não usa esse poder para estabelecer o protocolo de sucesso do
Dr. Zelenko? Por que ainda deturpam o protocolo, a ponto de recomendar
dose tóxica de cloroquina?
Vide
artigo anterior
http://soniardecastro.blogspot.com/2020/05/ministerio-da-saude-prescreve-dose.html
O
vídeo do Dr. Zelenko já tem legendas em português (link). Será que falta
a Abin revelar isso?
E
o Ministério da Saúde continuou promovendo Tamiflu, da Suíça/Roche
no protocolo do coronavírus, mesmo reconhecendo que esse medicamento
não tem ação nenhuma contra coronavírus. Vide o referido artigo
anterior e esse
http://soniardecastro.blogspot.com/2020/05/ministerio-da-saude-indica-medicamento.html
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