sábado, 17 de abril de 2021

A tecnologia do estupro e da caftinagem

Se uma parente ou conhecida sua surgir dizendo que foi tocada intimamente e até envolvida em relação sexual, enquanto estava sozinha em seu quarto, acredite: não se trata de possessão espiritual e muito menos de devaneio, mas de uma perversa e extremamente covarde tecnologia, capaz de produzir sensações muito reais.

Há fortes evidências de que o principal produto dessa tecnologia está parcialmente anunciado em artigo publicado no mês passado no Canal Tech, cujo título é “Dispositivo promete simular sexo real entre parceiros, com realidade virtual”. Nesta URL/link: https://canaltech.com.br/rv-ra/dispositivo-promete-simular-sexo-real-entre-parceiros-com-realidade-virtual-180600/

Estou certa de que ninguém suporia que um site como esse anunciaria um produto destinado somente para promover relação sexual entre dois homens ou homossexuais, sem nem mesmo mencionar essa particularidade do produto. Mas – se não ocultasse fatos muito mais graves em relação a esse produto – seria isso o que aconteceria nessa publicação.

Pois não há nenhuma pista de que esse produto seria destinado apenas para relações sexuais entre parceiros homens ou homossexuais. Mas tampouco explicam como as mulheres são conectadas a esse sistema.

E eles descrevem os itens de forma detalhada. Primeiro dizem que a peça central é “um tipo de masturbador vibratório masculino”. Mais adiante, citam todos os demais produtos do pacote: um óculos 3d, fones de ouvidos e até produto para higienização.

Há também um comentário de um leitor dizendo: “Pelo que entendi, o produto só oferece a versão masculina, se eu quiser interagir com minha parceira remotamente, precisaria haver um bastão, kkk.” Isso já foi registrado há 24 dias e continua sem nenhuma resposta. Nenhum esclarecimento na página.

Mas esse é um dos melhores sites especializados em tecnologia. Estou certa de que jamais fariam uma propaganda “pegadinha”, sob risco de ser processados por clientes que se sintam enganados pela reportagem. E muito menos se arriscariam a promover um produto desses para depois enfrentar a reação de algum “machão”.

Por outro lado, o Código de Defesa do Consumidor proíbe a propaganda enganosa no Brasil. Mas, em se tratando de interesse de mulheres, tudo indica que um produto desses para tornar nossa sociedade ainda mais covarde que tem sido até hoje.

Eu, em particular, desde dezembro – ou seja, três meses antes de ter acesso ao teor desse artigo do Canal Tech – venho denunciando violência que muito provavelmente é promovida com uso desse tipo de produto.

Por aquilo que eu constatei e registrei nesses artigos, vê-se logo que jamais poderiam anunciar um produto desses explicando a forma perversa, covarde e invasiva usada para conectar qualquer pessoa a esse sistema. Digo qualquer pessoa pois estou certa de que homens também podem ser tratados como “passivos” e sofrer violência similar.

A obscuridade evidencia-se em outro trecho do artigo. Pois dizem: O aparelho conta com controles sensíveis ao toque para gerenciar a velocidade e intensidade das vibrações, além de permitir a transmissão de carícias. A promessa é que tudo o que é feito por uma pessoa também seja reproduzido no dispositivo do parceiro sincronizado, caso a 'atividade' seja feita em conjunto.”

Vê-se que numa mesma frase referem-se a parceiro sincronizado e dizem: “caso a atividade seja feita em conjunto”. Assim deixam entender que pode haver “parceiro sincronizado” numa atividade unilateral, ou seja, com apenas uma pessoa no controle.

E em nenhum momento dizem que existe um aplicativo de Internet que conecta os "parceiros".

Mas encontrei informação sobre esse mesmo produto em site da Fundação Mozilla, que trata desse aplicativo.

O nome do produto que consta no título e na URL, conforme se vê abaixo, é o mesmo que consta nesse artigo do Canal Tech. A fotografia também é a mesma. Mas no texto usam o nome Onyx +.

https://foundation.mozilla.org/pt/privacynotincluded/kiiroo-titan-vr-experience/

A Fundação Mozilla é relacionada à empresa que produz o navegador de Internet que tem esse mesmo nome. Tudo indica que eles decidiram ter o cuidado de alertar seus clientes para a possibilidade de ser estuprado por quem consiga “sequestrar sua conexão Bluetooth”, enquanto estiver usando esse produto, como segue:

O Onyx + é um masturbador que se conecta a um aplicativo por Bluetooth e pode ser controlado pela internet, portanto, não é totalmente isento de riscos. Sempre há a chance de alguém ver sua conexão Bluetooth do quarto de hotel ao lado do seu enquanto você está viajando, ter a capacidade de sequestrar sua conexão Bluetooth, assumir o controle dessas nove balas vibratórias e testar sua resistência de maneiras que você não previu exatamente.


Atividades criminosas

Acho impossível que me persigam dessa forma, já há mais de quatro meses, sem tirar algum proveito econômico disso.

Mas a exploração de prostituição é crime definido no artigo 230 do CP.

E nesse caso os fatos ainda se enquadram naquilo que está previsto no parágrafo 2º do artigo 230, de modo que a pena pode ser de até oito anos de prisão. Além de configurar-se também outros crimes, como o ato libidinoso definido no artigo 215, cuja pena vai de 2 a 6 anos de reclusão e sobretudo o crime de tortura definido na lei 9455. 

Mas, conforme registrei em artigo de fevereiro, enviei relatos dos fatos para a delegacia de São Pedro de Alcântara, desde dezembro, e registrei BO em fevereiro. Mas os fatos só se agravam.

Fica difícil acreditar que ousariam tanto sem ter algum respaldo de “autoridades”.


Propaganda desse tipo de atividade criminosa

Por outro lado, encontrei publicação de site especializado em notícias de inovação aqui do Estado de Santa Catarina, na qual fazem propaganda desse tipo de atividade criminosa. URL/link https://scinova.com.br/cultura-digital-realidade-virtual-e-o-futuro-do-orgasmo-online/

Mas a propaganda de atividade criminosa também é crime (artigo 287).

Os fatos são ainda mais graves, pois exibem nesse site a marca Startup SC, que referem como “parceiro editorial”. Mas um dos mantenedores do programa Startup SC é a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina, Fapesc.

Assim a aberração dessa matéria acaba se confundindo com opinião do Estado, uma amostra do tipo de coisa que pode explicar a ousadia desses criminosos que me atacam.




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