quarta-feira, 7 de abril de 2021

Oposição a pesquisas que comprovam benefícios do sol contra coronavírus

O artigo que publiquei no último dia 02 estava praticamente pronto quando localizei a matéria na qual dizem que o sol inativa o coronavírus oito vezes mais rápido que acreditavam antes.

Ainda que eu já suspeitasse que a melhora que experimentei, ao tomar banhos de sol perto do meio dia (http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/08/e-preciso-pegar-15-20-minutos-de-sol-sem-protetor-das-10h-e-15h.html), é devida a muito mais que doses extras de vitamina D3, a minha pesquisa para aquele artigo foi direcionada a questões relativas a essa vitamina e aos protetores solares químicos e físicos ou naturais.

Pesquisando o assunto depois de publicar o artigo, verifiquei que foram realizadas pesquisas em laboratório que comprovam que a luz solar simulada e direcionada contra um material que também simula saliva, mas contendo de fato o coronavírus (SARS-CoV-2), é capaz de destruir o coronavírus que está ainda no ar, como num espirro, e aquele que já está caído sobre superfície.

Mas não encontrei nenhuma pesquisa que visasse a verificar possível ação benéfica do sol para a cura da doença. 

E, além de descaso em relação às poucas pesquisas realizadas e aos apelos dos cientistas para que novas pesquisas sejam feitas, algumas matérias publicadas em sites de importantes veículos de comunicação se configuram em escancarada oposição a essas pesquisas.

As poucas e importantes pesquisas que pude identificar

Uma notícia de 24 de abril do ano passado tem o título: “Luz do sol destrói coronavírus rapidamente, afirma agência americana”. Segue um trecho:

William Bryan, consultor de ciência e tecnologia do Departamento de Segurança Interna, disse a repórteres na Casa Branca que cientistas do governo descobriram que os raios ultravioletas têm um impacto potente.

"Nossa observação mais impressionante até o momento é o poderoso efeito que a luz solar parece ter sobre a morte do vírus, tanto na superfície quanto no ar", disse ele.

"Vimos um efeito semelhante tanto com a temperatura quanto com a umidade, o aumento da temperatura ou da umidade ou ambas é geralmente menos favorável ao vírus".

(Extraído de publicação do site do Correio Braziliense)

Localizei duas dessas pesquisas produzidas pela diretoria de Ciência e Tecnologia do mesmo órgão do governo americano, cujo nome o Correio Braziliense traduz por Departamento de Segurança Interna.

publicação em inglês/PDF que se localiza por este link refere-se à ação de luz solar simulada em laboratório sobre vírus suspenso no ar e a, deste link sobre vírus depositado em superfícies. Em ambas o vírus é envolvidos em material que simula saliva.

Em maio-2020, o G1 publicou artigo sobre outra pesquisa relativa a vírus depositado em superfície (link).

A campanha de oposição às pesquisas

O jornal Folha de São Paulo produziu uma matéria que foi publicada também em muitos outros sites, mas que tem o claro objetivo de desacreditar essas pesquisas. O seu título é: “Ação germicida do sol tem baixo poder para impedir a transmissão de coronavírus” (link).

Nessa matéria, atribuem a Caetano Padial Sabino – que identificam como doutorando na USP e pesquisador das aplicações da luz para a saúde – as seguintes declarações:

A afirmação que circula nas redes sociais de que o risco de infecção pelo novo coronavírus é menor em dias ensolarados é perigosa e pode causar riscos à saúde.

O Brasil tem uma taxa de incidência solar que está entre as maiores do mundo, e mesmo assim somos o epicentro da pandemia.

Não citam nenhuma evidência científica que pudesse sustentar a primeira afirmação, que contraria o resultado das referidas pesquisas realizadas por cientistas do governo americano.

A segunda declaração corresponde ao mesmo que dizem com a pretensão de justificar o título da matéria, evidenciando uma manobra para inverter os fatos. Pois, logo no início dessa matéria, consta:

Um grupo de pesquisadores que usou dados de mais de 200 cidades chinesas durante a pandemia não encontrou efeito da temperatura ou da radiação solar na eliminação do novo coronavírus ou na diminuição do contágio.

A descoberta contraria artigos publicados nos últimos meses que apresentaram essa possibilidade com base em cálculos teóricos e experimentos em laboratório.

Mas essa pesquisa chinesa e essa matéria da Folha foram realizadas durante período de quarentema mais severa na China e no Brasil. Período em que as autoridades impediram a população de ter acesso aos espaços públicos das cidades, onde poderiam tomar sol.

A informação que permite saber qual o período de realização dessa pesquisa chinesa, entretanto, está só quase no final dessa matéria da Folha, nesse trecho:

Pesquisadores de universidades chinesas cruzaram dados de disseminação do Sars-CoV-2, temperatura e radiação solar de mais de 200 cidades da China. Os resultados, publicados em abril na revista científica European Respiratory Journal, indicam que radiação solar e temperatura não influenciaram nas taxas de contágio.

Nessa publicação da revista científica European Respiratory Journal, não encontrei data para verificar o dia em que foi publicada, mas há uma data no endereço URL da publicação, como segue: https://erj.ersjournals.com/content/early/2020/04/01/13993003.00517-2020

Assim se vê que essa “pesquisa” já foi publicada na Europa em 1º de abril de 2020. E há muitas matérias que mostram que houve quarentena na China desde janeiro e que só começaram a liberar a partir de 23 ou 24 de março de 2020, uma semana antes de publicarem essa pesquisa chinesa na Europa.

Além de ser já um período muito curto, toda pesquisa exige um prazo para compilação de dados, revisão, etc. Costuma haver ainda mais demora para ocorrer publicações no exterior.

Assim fica claro que essa pesquisa chinesa só pode ter sido realizada durante o período de quarentena mais severa na China.

Igualmente essa matéria da Folha foi publicada em 30 de junho de 2020. E, na região de Florianópolis, SC, como em muitas outras do país, as autoridades proibiram até a circulação de ônibus, no período de abril até o começo de agosto, 2020, impedindo que as pessoas saíssem de casa.

A notícia desse vídeo de Youtube trata da prisão de uma mulher que tentou tomar um banho de sol numa praça pública, logo no início da quarentena: https://www.youtube.com/watch?v=058wg-XLDqY

Fica claro, portanto, que o único fato que essa pesquisa chinesa pode atestar é que a quarentena forçada impede que a população se beneficie do efeito do sol para cura e redução de contágio.

Outra polêmica em torno de estimativa

Outra polêmica envolve o trabalho que é tratado de forma elogiosa em artigo que está nessa URL do Portal IG (link), no qual ainda consta:

Tal análise confirma estudo realizados no passado sobre a Gripe Espanhola. Em 1918 e 1919, pesquisadores apontaram que os pacientes tratados em hospitais mais abertos e que eram expostos ao sol tinham mais chances de sobrevivência e recuperação.

Um dos autores é Jose-Luis Sagripanti, doutor em Ciência, Bioquímica e Virologia. Ele trabalhou como pesquisador para o exército americano, onde aposentou-se. O outro é biofísico David Lytle, que também trabalhou para o governo americano e aposentou-se na Food and Drug Administration.

Ambos são pesquisadores experientes no combate a viroses. Eles desenvolveram uma ferramenta para fazer estimativas do tempo necessário para destruir diversos tipos de vírus suspensos no ar ou depositados em superfície pela ação da luz solar.

E, por certo, cientes das referidas pesquisas em laboratório que demonstram que o SARS-CoV-2 é vulnerável à ação do sol (raios ultravioleta A e B), fizeram uma estimativa que foi publicada. Arquivo em inglês/PDF neste link.

E mais outra matéria questionável e até enganosa

Mas, mesmo reconhecendo estar cientes de que o tuíte que questionam se baseia nesse trabalho desses profissionais, uma matéria do Comprova, que foi publicada por muitos veículos de comunicação no Brasil, tem o seguinte título: “Tuíte engana ao afirmar que sol mata o coronavírus”.

Aparentemente, o autor do tuíte em questão acreditou que a estimativa se referia a potencial destruição do vírus nos corpos das pessoas. Bastaria, portanto, dizer que o autor do tuíte se equivocou.

Além disso, consta no teor dessa matéria que eles teriam pesquisado na mídia sobre as pesquisas já realizadas e nada disseram sobre as que referi antes, que comprovam a ação da luz solar simulada contra o SARS-CoV-2.

Assim se pode dizer que esse título é que engana. Sobretudo porque essa matéria é de setembro do ano passado. E as publicações que mostrei são de abril e maio.

Esperança contra o desastre

Como relatei no artigo anterior, surpreendi-me com a melhora que tive depois de um banho de sol perto do meio dia, no 4º dia de sintomas que parecem ter sido da covid-19.

O meu nível de vitamina D3 já estava alto. Pois tomei muito sol e importei cápsulas com doses elevadas de D3 ano passado.

Assim, acredito que a ação germicida do sol pode, sim, contribuir para cura da doença. E é muito fácil verificar isso. Basta levar as macas dos pacientes para o pátio dos hospitais, para tomarem ao menos 15 minutos de sol perto do meio dia. Um experimento simples que não custaria praticamente nada.

Redução de riscos para idosos e outros vulneráveis

Por outro lado e com base nas pesquisas já realizadas, no mínimo, deveria haver alertas para que a população optasse pelos dias de sol para fazer suas compras, por exemplo.

Afinal, muitas pessoas, principalmente idosos e outros em situação de maior risco, saem pouco de casa e podem adiar a saída.

Entretanto, digitando no Google: covid 19 sair só em dias de sol, não se encontra nenhum alerta desse tipo. Ainda fiz busca na página da Organização Mundial da Saúde que trata de informações sobre covid-19 e nem mesmo encontrei a palavra sol.

Mas, sendo que o resultado das pesquisas claramente evidenciam que os riscos podem ser bem inferiores em dias de sol, por que não divulgar isso? Se fossem necessárias pesquisas complementares, por que ainda não as realizaram? 

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